Tenho visto muitos pacientes que foram submetidos a cirugia refrativa, que ficaram com grau residual ou que tiveram aumento do grau após algum tempo, com dúvidas sobre a possibilidade de reoperação. A reoperação é uma possibilidade, mas deve obedecer alguns critérios.
Em primeiro lugar a córnea deve possuir espessura suficiente para que se possa fazer nova correção. Ao corrigirmos o grau com o excimer laser, afinamos a córnea. Quanto maior o grau, maior o afinamento. Existe um limite de espessura que não deve ser ultrapassado para que se mantenha a biomecânica natural da córnea. Portanto, para uma reoperação precisa-se avaliar a espessura da córnea operada e o novo grau a ser corrigido para verificarmos a possibilidade de nova correção.
Deve-se considerar a técnica com a qual foi realizada a primeira cirurgia. Se a técnica utilizada foi o LASIK, pode-se apenas levantar o flap feito na primeira cirurgia e fazer a nova aplicação do laser sem necessidade de novo corte. Eventualmente, caso a cirurgia seja muito antiga, o cirurgião pode considerar a possibilidade de fazer novo flap. É importante lembrar que os flaps para o LASIK podem atualmente ser feitos com o Femto Second Laser, sem necessidade de corte com lâmina. Caso a técnica da primeira cirurgia tenha sido o PRK, onde não é feito o flap e o laser é aplicado diretamente na superfície da córnea, deve-se, ao reoperar, observar que estes casos tem maior tendência a fazer um tipo de cicatrização chamado HAZE, em que a transparência da córnea pode ser afetada. Nestes casos, em reoperações após PRK, deve-se utilizar uma substância chamada mitimicina durante a cirurgia para evitar a formação do haze.
A reoperação refrativa é uma possibilidade e normalmente apresenta excelentes resultados. Mas, para isso, é preciso uma avaliação pré operatória tão ou mais criteriosa do que a realizada na primeira cirurgia.
Dr Marco Antonio Kroeff